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segunda-feira, junho 26, 2006

SAUDADES DAS FESTAS DE SÃO JOÃO


Saudade das Festas de São João
Não gosto de carnaval... Houve uma época em que cheguei até a participar dessa festa. Entretanto, quando ainda não havia tanta violência.

O Natal, me deixa deprimida em função da falta de sinceridade de alguns relativa ao amor pelo próximo.

Já a Festa de São João... Ah! Que delícia que é!


Sempre gostei do São João, não por ser filha de Caruaru, mas, por ser uma festa alegre, colorida, música gostosa de dançar. Comidas deliciosas e feitas com muito capricho por toda família, principalmente dos homens, os quais ficavam incumbidos de comprar o milho, descascar, ralar para o preparo da pamonha e da canjica; esta última, temperada pelas mulheres. Porém, a participação dos homens ( pai, irmão, namorado ou marido) não acabava aí. A canjica era mexida, por todos que se revezavam e, quando quase pronta, meu pai entrava em cena para dar o ponto certo.


Nos reuníamos no quintal de nossa casa, e, a sombra da goiabeira, da mangueira e da figueira, cozinhávamos, no fogão de carvão, que lá havia e ainda há, as comidas para a noite de São João. Lá fora, parte de meus irmãos, enfeitavam o terraço de nossa casa, com bandeirinhas e balões.


A fogueira, os traques de sala e estrelinhas, papai nunca esquecia de providenciar (para nós, quando crianças, e, posteriormente, para os netos). À noite, em volta da fogueira, fazíamos à festa. Quando o fogo baixava, aproveitávamos as suas brasas para assar milho. A essas alturas o sono e o cansaço nos obrigavam a ir dormir, bem agasalhados, por um gostoso cobertor, felizes da vida. - Caruaru nesta época do ano é bastante fria.


Lembro de já mocinha ter participado de quadrilhas bem tradicionais. Nos vestíamos de lindos vestidos de chita; nos pés, tamancos comprados na feira; nos cabelos; dois laços de fitas, sempre de cores diferentes, como forma de complemento das cores que faltava no colorido do vestido. No rosto, pó de arroz, ruge e pontinhos pretos nas bochechas, imitando pequeninas sardas. Na boca, um batom encarnado e por trás das orelhas, uma pequena gota de uma suave alfazema para inebriar o cavalheiro. Este, com sandália de couro, calça coronha de suspensório; camisa xadrez, lenço no pescoço e chapéu de palha.

Começávamos a nos organizar muito antes do São João e os ensaios da nossa quadrilha eram realizados com muita seriedade. Se faltássemos, corríamos o risco de sermos substituídos, sem contemplação, por Ruizinho Rosal, o organizador e também o excelente puxador do arrasta-pé. Era muito exigente! Contudo, muito divertido, espirituoso e inteligente.


Por ocasião das nossas apresentações, às vezes, se atrapalhava no verbo e recorria com facilidade ao improviso. Se tornava um verdadeiro show à parte. Dançávamos a noite inteira ao som da sanfona, zabumba e do triângulo.

Eita, saudade danada daquelas autênticas festas de São João!

Hoje é tudo diferente. O modernismo modificou e sofisticou uma festa que era impecável pela sua característica de ser uma festa de interior, simples, religiosa e bela.


Que pena!