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sábado, julho 28, 2007

COR QUE O VELUDO NÃO TEM



Cor que o veludo não tem
De: Ysolda Cabral


A tarde está silenciosa e fria.
Chove e minha jardineira de hortelã,
Verde, bonita e cheirosa,
Adora.

Olho para ela daqui,
Sinto que ela me olha de lá.
E me faz um carinho,
Mandando-me um cheiro gostoso,
Misturado de terra, chuva e do mar.

Seu verde é da cor da esperança.
Suas folhas aveludadas,
Lembram-me quando em criança,
Vestia-me do mais lindo veludo,
Fosse ele de qualquer cor.
Só não podia ter cor de lembrança.

Lembrar às vezes é até bom...
Coisas boas, leves, engraçadas e soltas.
Só não gosto de lembrar,
De coisas tristes.
Pois é perda de tempo
Que nos fazem sofrer a toa.

Lá fora continua chovendo.
Os cheiros se misturam,
A cor do dia também.
Meu coração chora...
E se continuar assim,
Vou é parar muito além...

Portanto mando agora,
A tristeza embora,
Para bem longe de mim.
Fui feita de alegria,
De amor e harmonia...
Não agüento mais,
Nenhuma agonia.
Só assim, ficarei bem.