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sexta-feira, junho 27, 2008

ILUSTRE VISITA



ILUSTRE VISITA
De: Ysolda Cabral



Hoje a tristeza chegou
Sem avisar e sem pedir licença
Querendo ser recebida
Com honras de chefe de estado
- Tem graça?

Entretanto, como eu previa sua chegada
E sou muito bem educada
Dei-lhe as boas vindas
De maneira elegante e refinada.

E, para valorizar ainda mais sua chegada
Disse-lhe da minha alegria em recebê-la
- Queria mesmo agradar-lhe -
Contudo, ela ficou meio cabreira e cabisbaixa
Senti muita pena da ingrata...

Enfatizei a importância de sua visita
Na vida de qualquer reflexiva criatura
Cheguei até a lhe lembrar variados motivos
Antes de lhe servir uns deliciosos aperitivos...

Mas ela, mal educada, não quis muita conversa
- Achando pouco, creio -
Tentei justificar a minha falta de tempo
Para lhe recepcionar mais a contento...

Ela não quis conversa
E sem, sequer, me dizer até logo
Resolveu ir embora
Na mesma hora.

Ah, coitada!
Nem escutou quando lhe disse:
Ei! Volte sempre QUERIDA.

terça-feira, junho 24, 2008

REALIDADE DA ILUSÃO




REALIDADE DA ILUSÃO
De:Ysolda Cabral


Não discuto religião, política e nem sentimento
Primeiro porque das três questões nada entendo
Refletindo um pouco sobre mim
Chego à conclusão que sou assim:

De religião, acredito em Deus
De política, corro léguas
De sentimentos, não sei nem dos meus
Mesmo eles sendo simples como eu...

Entretanto, uma hora sou de um jeito
Na outra não há quem me dê jeito
Hoje não faço nada que dê bom efeito
Sei que amanhã estarei no leito...

Talvez da morte
Talvez da sorte
Talvez da hipótese
Daquilo que enfim se pode...

E, como o poder é relativo
Deduzo que dele não quero luto
Nem muito menos triunfo
Posto que, com a vida,
Não mais me iludo.

Contudo...
Continuo acreditando
Na realidade da ilusão
Metodicamente articulada
E enganosamente pretendida
Para minha própria SALVAÇÃO...

Você acha que não?

sábado, junho 21, 2008

NOITE DE SÃO JOÃO



Noite de São João
De: Ysolda Cabral

Não tem Natal, nem Carnaval
A festa é a de São João
Comida boa, arrasta-pé
E muita animação

Não precisa muita coisa
Uma sanfona, um triangulo, uma zabumba
Um bom puxador de quadrilha e de forró
Pra se dançar a noite toda

Forró rasgado, pé- de- serra
Dengoso e levado a sério
No compasso e mesmo sem sair do lugar
Não há dança melhor pra se dançar

Noite de São João é noite de sonhos a realizar
E, se da quadrilha participar
Controlar o ciúme para a noite não estragar
E assim amanhecer nos braços do ser amado
Feliz por não ter tido que arengar

Arenga num arrasta-pé não é aconselhável
Substituição no ato é delito perdoado
A não ser que o cabra seja muito metido a macho
E queira tomar satisfação
Aí a peleja é resolvida ligeira e na base do facão

Portanto, desejo a todos
Um animado São João
Com muita cautela e juízo
Para não haver confusão...


quinta-feira, junho 19, 2008

O QUE QUERES DE MIM?



O QUE QUERES DE MIM?
De: Ysolda Cabral



Ando tão sem inspiração!
- Ou não?
Com os sentimentos em confusão
E sem disposição!
- Ou não?
Estou dentro do desconhecido...
- Sei não!
Um rumo antes traçado com mão firme
Muda sem limite e sem precisão
Levando-me por lugares esquisitos...
- Opa, quero não!
O querer é intrincado
E quando perdido num pedaço
Deixa o caminhar manco e pesado
Sem perspectivas de muito seguir
E sem a possibilidade de voltar
- Será mesmo o fim?
Oh, Vida!
- Afinal, o que queres de mim?



domingo, junho 15, 2008

CARA A CARA




CARA A CARA
De: Ysolda Cabral


Estou numa praça de alimentação
Há gente por todo lado
Fazendo muita algazarra
Mas como estou com um livro nas mãos
Não escuto e não vejo nada.

No meio da multidão me sinto só
Leio o livro e reflito se realmente existo
Penso, penso e não encontro nada
O caos que está em mim me arrasa...

O cheiro me deprime e me sufoca
Mistura de comida, perfume e bebida
Não combina com meu apurado olfato
E sinto dificuldade de respirar no ato...

Pergunto-me o que faço ali
E escuto alguém responder
E eu que vou saber?
A doida aqui é você!

Suspendo a leitura
Olho para um lado e para o outro
Procurando quem foi comigo tão afoito
E do outro lado da mesa está a minha cara
A zombar de mim com muito gosto...

Que desgosto!!!

Levanto-me pronta para me encarar
Guardo dentro da bolsa o livro com cuidado
E já de pé me vejo continuar sentada
Fico com muita raiva e me pergunto:
Vai continuar aí parada?

Vou embora sem olhar para trás
Mas sinto que resignada me acompanho
Rio e fico meio tonta ao constatar
Como fui boba em me desafiar!


segunda-feira, junho 09, 2008

FÁCIL SOLUÇÃO




FÁCIL SOLUÇÃO
De: Ysolda Cabral

Não sei se estou em pequenos pedaços ou vazia.
Se estou em pequenos pedaços,
juntar tudo será muito complicado,
pois corro o risco de deixar de ser uma utopia.

E se ela era eu e eu era ela, como viverei sem ela?
Como juntar os pedaços de uma quimera?
Mesmo pegando com todo carinho seus pedacinhos,
quando terminado, estarei longe dos antigos caminhos.

Neste ponto terei que ponderar bastante
de como seguir em frente sem saber o instante.
E se eu resolver ficar?
O Tempo terá que parar!

Como o poderoso Tempo não pára,
tenho que considerar a hipótese de estar vazia.
Então, meu caso será de fácil solução.
Se você quiser saber, eu explico a razão:

Imagine que sou um recipiente,
não importa o tamanho e nem a largura,
estar vazio é o fator preponderante
para caber um conteúdo fascinante.

Ah! Pegarei muita paciência e alegria,
fé sem religião e um pouco de filosofia,
muito entendimento e determinação.
Colocarei pra dentro numa só porção.

Depois vou atrás da poesia,
de versos em perfeita simetria,
compostos para ricas e lindas quadras,
e dispor quando estiver apaixonada.

Ah! Pegarei um pouco de faz de conta,
uma pitadinha de magia,
sem maldade e sem afronta,
para garantir o tino quando ficar tonta.

E assim estarei novamente comigo,
traçando meu próprio destino.
Quem estiver comigo eu ajudo.
E quem não estiver, não me iludo.

Meus dias serão todos lindos,
e se não forem eu os pinto,
pois no recipiente também coloquei:
tela, tinta e um apropriado recinto.

domingo, junho 01, 2008

RUMO CERTO






RUMO CERTO
De: Ysolda Cabral


Estou com destino meio incerto
A estrada a minha frente é convidativa
E o dia está quente, ensolarado e lindo
Eu, indo e indo, no meu incerto destino...

Estou na velocidade permitida
A sensação de controlar o tempo
Encanta-me e fascina
Ele nada dita...

Estou agora a cento e trinta
Chegando a cento e quarenta
Com a mente descansada
Finalmente...

A música é suave
E a paisagem ligeira passa
Passa sem deixar nenhuma marca
Que mereça um olhar mais atento
Do fotógrafo da mente...

A minha frente uma estrada
Num horizonte de sol poente
Convida-me a continuar sempre adiante
Sem olhar o retrovisor consciente...

Mas para ele olho
Desacelero e rapidamente encosto
Num acostamento bonito que só vendo
Respiro fundo o ar puro
Sinto-me dona do mundo
Dou notícias e volto ao rumo...

AO RUMO CERTO!