Para mim não há jeito. Sou mesmo um caso perdido. Volta e meia estou entrando em cada confusão! É que sou levada por impulso, na base do "repente", e, aí, tenho que agüentar as conseqüências sem reclamar, mesmo que essas conseqüências me tragam dores físicas, tenho que agüentar caladinha da "sil- v- a- vá "
Bom: há pouco menos de um mês resolvi consentir que minha filha colocasse um piercing. Não foi uma decisão fácil. Tivemos várias conversas, inclusive, com seu médico sobre este modismo, suas inconveniências e conseqüências, e, para minha surpresa, o médico disse ser totalmente favorável ao respectivo adorno.
Lá fomos nós providenciarmos a aplicação do dito cujo. Ao chegarmos no local indicado por amigos como excelente para esta finalidade, o profissional que veio nos atender me deixou encafifada. Tratava-se de um rapaz que escondia sua boa aparência atrás de uma barbicha (tipo cavanhaque). Claro que cheio de piercing. Um, pontiagudo, me fez pensar se não o impedia de beijar sua garota, pois sua localização era entre a barbicha e o lábio.
Pronto!!! Comecei a meter os pés pelas mãos... Não havia pensado e sim perguntado.
Ele, educado, simpático e muito paciente me respondeu que sua esposa adorava seus beijinhos... Eu fiquei pasma e logo imaginei como poderia duas bocas juntar-se com àquilo no meio. Credo!!!
Percebi que eu estava puxando meu lábio inferior e olhando o dele. Foi quando se achegou mais próximo e puxou o seu lábio para que eu olhasse como era atarraxado o piercing por dentro de sua boca. Fiz uma cara tão grande de dor que ele deu uma sonora risada. Foi então que cismou que eu deveria colocar um também. No nariz, na orelha ... Disse que ficaria super "irado".
Falei: “oxente” rapaz, me respeite!!!
Pensei partir imediatamente pra briga. Entretanto, controlei-me, respirei fundo e devia ter parado por ali. Mais não!!! Eu tinha que continuar... E, ao invés de me ater no competente profissional que ele era, fiquei a implicar com sua barbicha a qual, segundo ele, era sua marca, seu estilo. Não sei se entendi bem, mas...
Parecendo ler meu pensamento, resolveu desviar minha atenção voltando, com toda "carga" a conversa de me colocar um piercing.
- Foi demais!!! Não podia deixar aquilo barato, não!
- De jeito nenhum!!!
Ataquei, sem pestanejar:
- Escuta aqui, ô rapaz! Se você tirar esta barbicha horrorosa e me prometer nunca mais usar, COLOCO UM PIERCING NA ORELHA.
Pronto! Estava ganha a questão!!! Queria mesmo ver se ele iria continuar com aquela conversa de me por um piercing!
- Claro que ele não abriria mão de sua “marca, seu estilo"!!!!
Ele parou a aplicação que fazia em minha filha, a qual se divertia com o nosso "duelo", olhou firme para mim e disse: TÁ FECHADO! Daqui a 15 dias, na revisão do piercing de sua filha, eu estarei sem a barba e vou furar sua orelha.
Ele só podia estar de brincadeira e nem me preocupei. Fechei o pacto!
Exatamente quinze dias depois, o telefone de minha casa chama, minha filha atende e vem me avisar que o moço do piercing estava a minha espera.
- E agora?
- Palavra dada tem que ser honrada!
Lá fui eu para o sacrifício. No fundo tinha esperança de ser liberada. Ledo engano!
Mal botei os pés na loja Ghetto, do Shopping Center Recife, alguém gritou “ELA CHEGOU"!
O meu "carrasco" estava furando a garotada que havia chegado antes de mim. Então resolvi ir dar uma voltinha. Duas horas depois retornei. A loja continuava cheia. Percebi que muitos estavam ali aguardando o desfecho.
Não havia jeito. Eu tinha que encarar!
Como última tentativa perguntei se ele não me liberaria da palavra empenhada, do acordo feito, da BURRICE ATESTADA... Ele, com a cara literalmente lisa (sem um pêlo se quer) sem contemplação e sem piedade disse: NÃO!
Muito bem, Sr. EDUARDO SABACK!
Cá estou com a orelha mais enfeitada que Lapinha, doendo pra danar e me prometendo nunca mais me meter nem com barbicha de bode.
- Mas que estou me achando "maneira”... Lá isto estou!
Ai, ai, ai que dor!!!