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domingo, janeiro 06, 2008

NUM SÓ ATO




NUM SÓ ATO
De: Ysolda Cabral

Sem a arte de escrever em verso
Para compor uma perfeita poesia,
É impossível escrever quatorze versos
Para compor um soneto.
Mesmo assim registro meus momentos
Mesmo que lhe pareça sem nexo.

Assim, vou vivendo minha vida
Que, com certeza,
Não é uma vida mais ou menos.
É tão cheia de altos e baixos
Que me deixa atordoada
Fazendo-me crer ser uma farsa
Sem nenhuma demagogia.

Com algumas e insignificantes realizações,
Com muitos desenganos e decepções,
Mais tristeza que alegria,
Muito sofrimento e nostalgia...
Duvidando, até da fé...
Continuo com esperança no novo dia.

A lembrança;
Já um tanto cansada
De não lutar por nada,
É ingrata!

Saio para não pensar
E vou até o mar.
Sinto cheiro de xixi,
Perfume barato, cerveja
E muito bêbedo safado,
Sem nenhuma classe ou poesia,
Cantando garotas fáceis e tolas.
- Que loucas!

Resolvo voltar para casa.
Deparo-me, no semáforo,
Com meninos famintos e drogados.
Morro de medo!
E me envergonho do fato,
De acelerar o passo,
Para não vê tanta miséria...
Num só ato.