SEXTO SENTIDO
De: Ysolda Cabral
De: Ysolda Cabral
A noite era de trovões, relâmpagos e chuva forte. Parecia inverno e não verão; Junho e não Fevereiro; São João e não Carnaval. Eu estava ali e não parecia que era eu. Tudo estava fora de tempo e de lugar. Comecei a considerar o inusitado da situação e me perguntei se tudo àquilo não seria obra da minha imaginação.
Um frio percorreu meu corpo e invadiu a minha alma, a qual a essas alturas estava meio fora de mim. Eu me olhava e me via frente a frente e era como se uma terceira existisse só para atrapalhar e confundir. Com esforço tentei me aproximar e me juntar de alguma forma. À medida que eu ia também me afastava e a terceira se desesperava.
Estava presa e dividida em três. Ocorreu-me gritar, mas quem iria escutar? De repente um suave perfume me envolveu e eu acordei. Estava tendo um pesadelo.
Lembrei de mamãe e senti uma saudade enorme. Ela era uma mãe tão dedicada que sentia quando essas coisas estavam acontecendo com um de nós, seus filhos, e, mais que depressa, ela nos tirava da situação. E, se não estivéssemos em casa, ela telefonava na mesma hora independente de onde estivéssemos. Nunca parei para me perguntar como ela conseguia fazer isso.
Refeita do susto, resolvi telefonar para uma amiga, uma vez que estávamos em pleno Carnaval,achando que ela estava acordada assistindo ao desfile das escolas de samba pela TV, e, tal não foi minha surpresa quando a ouvi suspirar aliviada e me falar: Ysoldinha, acabas de me tirar de um pesadelo.
- Brincadeira, né?! (Rsrs)
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Publicada tb no Recanto das Letras