GAVETA DA MEMÓRIA
De: Ysolda Cabral
Sabe aquela viagem
Que levei na “bagagem” apenas o meu amor;
Que usei meus olhos como máquina fotográfica;
Guardando as fotografias com muito carinho,
Na “gaveta” da minha memória?
- Pois é!
Hoje resolvi abrir à respectiva...
E constatei, a duras penas, que todas as fotografias
Foram irremediavelmente estragadas...
Desfeitas...
- Ou, finalmente?
Nenhuma escapou da ação do tempo...
De início fiquei pasma.
Depois revoltada chorei a cântaros,
Xinguei o tempo e dei ponta pé no vento...
- Me acalmei!
Agora não sinto nada.
Nem saudade, nem tristeza,
Nem muito menos raiva.
A “gaveta” está intacta.
A máquina fotográfica, nem tanto!
Outra viagem sei que farei.
Desta feita sem enganos,
Nenhuma fotografia guardarei.