Fumei dos onze aos quarenta anos. Com apenas uma interrupção no período gestacional. Fumava porque gostava de fumar. E, achava que, no dia que eu quisesse eu pararia. Bastaria passar um dia sem o cigarro.
À medida que o tempo passava, mais dependente do fumo eu ficava. E, isto sem o cafezinho, pois nunca gostei de café.
E, mesmo com meu esposo sem fumar e uma filha muito alérgica eu não conseguia parar. Que vício desgraçado! - Mas nada fazia. Era totalmente dependente, tinha que admitir.
Ao completar quarenta anos, resolvi ir a um pneumologista. Ao concluir todos os exames e avaliações, o médico me deu os parabéns por meus pulmões terem agüentado o “tranco” tantos anos. E, acrescentou que, se eu parasse não teria nenhuma seqüela futura e este fato era coisa muito rara.
Então lhe disse que iria parar imediatamente e lhe contei que havia “enfiado” na minha cabeça que, se eu conseguisse passar um dia sem fumar, não fumaria mais. O médico foi radicalmente contra e prescreveu um “quite” , composto de contrato, vídeo, fita cassete e adesivos que eu teria que usar, a base de nicotina. Assim, eu deixaria de fumar gradativamente e ao mesmo tempo eliminaria essa substância maldita do meu organismo. E, garantiu que, se eu deixasse em um dia, com toda certeza, voltaria a fumar.
Comprei o tal “quite” li o contrato e assinei. Tomei um banho e após me enxugar, abri a caixa dos adesivos. Tirei um, descartei e o colei no peito. Fui para o espelho, apenas vestida daquele pedaço de plástico ridículo e me encarei. Que imagem patética e deplorável!
Indignada comigo arranquei aquilo do peito, joguei na lixeira, me vesti e saí do banheiro pronta para a “batalha”. Pedi para o meu esposo avisar no meu trabalho que eu não iria naquele dia e, já que ele estava de férias, fosse passar o dia fora com a nossa filha.
Fiquei só e a vontade de fumar chegou avassaladora, da janela do nosso apartamento, vi um senhor passar lá em baixo na rua, e, sacudir o “góia” , ainda acesso e de tamanho generoso no asfalto. Fiquei a olhar fascinada aquele “toco” de cigarro. Apavorei-me e pensei: meu Deus do Céu a que ponto cheguei!! Morri de vergonha e chorei, chorei, chorei e rezei, e rezei e rezei... Ah! Nessas horas não tem coisa melhor!
O dia foi passando e fiquei também sem comer com medo de que se comesse à vontade de fumar aumentasse.
Finalmente, as 19:h, tomei um banho e cai na cama. Dormi na mesma hora de pura exaustão. Acordei às 07:h do outro dia. Botei a “cara” no chão e agradeci a Deus. HAVIA DEIXADO DE FUMAR.
Feliz fui trabalhar. Ao chegar no meu local de trabalho, contei para uma colega - fumante inveterada – que havia conseguido deixar de fumar e em apenas um dia. Ela deu uma risada debochada e duvidosa. Pegou um cigarro, acendeu, soprou na minha cara e me ofereceu.
Agradeci-lhe a “gentileza” e ainda agradeço.
Faz quatorze anos que deixei de fumar sem nunca ter tido vontade de voltar.
Faça o mesmo. Você consegue!