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quinta-feira, maio 21, 2009

UM ITALIANO MUITO MACHO





UM ITALIANO MUITO MACHO
De: Ysolda Cabral



Cris - a da crônica “Minha Primeira Vez” – minha amiga, comadre e uma das pessoas mais inteligentes e engraçadas que conheço, resolveu casar com um italiano, bonito, sério e muito “macho”, segundo ele próprio assegurava.

De presente de casamento ganharam um vídeo cassete.

Nessa época eu e Benjamin estávamos noivos e logo após o retorno da lua de mel, a Cris nos convidou para uma sessão de cinema em seu apartamento. Os preparativos foram muitos para que a noite fosse perfeita. Afinal, éramos os primeiros a ser recebidos por eles.

Ela caprichou na arrumação da sala de projeção, com almofadões novos, lindos e confortáveis pelo chão, rodeados de várias bandejas com salgadinhos, docinhos e balde de gelo - pra minha coca e pro whisky deles - e assim deu-se inicio a sessão.

A meia luz nos acomodamos para assistir o primeiro filme. Pretendíamos assistir pelo menos dois. O vídeo mal foi ligado, começou a dar problema.

Roberto falou: “esse vídeo requer muita energia. Melhor desligar o abajur, Cris.”

O abajur foi desligado e no escurinho do cinema, ela, toda animada, falou: agora vai! - E nada!

- Desliga o ventilador! Ele ordenou.
O ventilador foi desligado. - E nada!

- Desliga a geladeira e o mais que tiver ligado! - E nada!

No segundo andar, um visinho metido a engraçado, o qual da janela todo o drama acompanhava, gritou: esse filme vai ou não vai começar?

O italiano se levantou mais quente que chaleira fervente, correu pra janela e falando, também, com as mãos, redargüiu com ímpeto: “vai começar se você desligar metade da energia que você está a desperdiçar seu exagerado!

E o visinho prontamente desligou todas as luzes de seu apartamento.

E assim o prédio foi ficando todo no escuro, as bandejas vazias, o gelo derretido, o bigode de Roberto em fúria, a gente a morrer de rir e eu a achar que ele era mesmo muito macho. Fazer o prédio inteiro ficar no escuro! É mole?!

Até que dois anos depois, pelo circuito fechado de TV, vi o “muito macho” desmaiar na sala de parto, por ocasião da chegada da minha belíssima afilhada. (Rsrs)


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Publicada no Recanto das Letras