EU E O GATO
De: Ysolda Cabral
De: Ysolda Cabral
Nunca fui uma pessoa insegura, medrosa ou supersticiosa. Contudo, ando meio cabreira, meio triste, desiludida e cabisbaixa. Acho que as coisas não andam lá muito boas pro meu lado não. Preciso prestar mais atenção e tomar algumas providências.
Mandar me rezar, talvez fosse uma boa solução. O fato é que sempre que estou saindo de casa, dou de cara com um gato preto que me espreita, sem nenhuma cerimônia e me acompanha até me ver fora de seu alcance.
Às vezes fico pensando se a cisma é minha ou se é dele. Recomendo-me cautela, prestar mais atenção à minha volta...
Por precaução, deixei de passar por baixo de escadas, usar pérolas (elas sempre me causam confusão) Tenho bastante cuidado pra não deixar a roupa pelo avesso, nem minha bolsa no chão... Enfim coisas bem básicas! Mesmo assim não estou tendo tranqüilidade.
Pior é o que está acontecendo com a minha amiga Sônia...
Sem notícias dela há um tempão, resolvi lhe telefonar. Depois de várias tentativas, finalmente, consegui que ela retornasse a ligação. Sua justificativa me deu um susto danado.
Disse que, por recomendação do “seu horóscopo”, há três dias não saia de casa e nem falava com ninguém.
Cruz credo, o que será que diz o meu?
Lê-lo ou não lê-lo é questão.
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Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2009
Código do texto: T1853317