Roberta (19), Isabel(28), Yauanna (18)
Sempre tive um temperamento extrovertido e nunca fico triste ou com raiva por muito tempo. Não guardo mágoa e nem rancor. Sempre fui responsável, tranqüila e muito poucas vezes na vida tive que tomar uma atitude em caráter definitivo. Entretanto...
Eu, Cris, Van, Danda e Nega, sempre fomos amigas inseparáveis desde bem mocinhas. Eu por ser a mais velha das cinco, me achava na obrigação de tomar conta delas para que nada de mal lhes acontecesse. Elas se divertiam com esse meu jeito maternal e aprontavam todas que podiam. Por gostarem mesmo de aprontar e para se divertirem com o meu aperreio.
Numa ocasião fugiram para o Rio de Janeiro num fusquinha de um amigo nosso. Só tomei conhecimento quando nossos pais vieram com tudo pra cima de mim indignados por eu ter permitido tal façanha acontecer. É mole?
O resultado foi que, o fusca bateu o motor e o nosso amigo quase foi preso.
Contudo elas chegaram ao Rio e se divertiram pra valer. Foram até pra boate! Até que a polícia chegou, com um dos pais, acabando a “festa.” Voltaram para Recife no primeiro vôo.
Ao chegarem aqui, na maior cara de pau, desceram do avião com um lenço branco nas mãos. Nossos pais a olharem para mim com ódio mortal. Eu segurei “a pressão na boa”. Claro que tive uma conversa bastante séria com elas, mesmo sabendo que de nada adiantaria.
Essas “idéias radicais” sempre partiam da Cris e ainda hoje partem. - Outro dia fomos jantar num restaurante muito fino. De repente, ela “sacou” o fio dental da bolsa e usou, NA MAIOR!! Eu quase morri de vergonha. Cris caiu na risada e falou: Lira, tu não mudas, não é?! – Depois me toquei que ela fez de propósito só pra lembrar os velhos tempos. Eu posso com uma coisa dessas?!
Nega, que não foi e também não sabia da tal viagem do Rio (talvez Cris a tenha deixado de fora por ela ser muito medrosa) foi a primeira a casar indo morar em São Paulo.
E, em função da saudade que sentíamos dela, fui pela primeira vez a referida capital. Inclusive, escrevi uma crônica sobre esta viagem – “A Minha Primeira Vez” – publicada em 08/07/2008.
Pouco tempo depois o esposo de Nega, Luciano, resolveu vir morar em Recife para felicidade geral de nós cinco.
Nega estava grávida! - Nossa Senhora, que coisa linda era estar grávida! Que coisa maravilhosa era poder ser mãe!!
Eles foram morar perto de onde eu trabalhava e todos os dias, independente da hora que eu saísse do trabalho, ia vê-la. Curti sua barriga como curti a barriga de minha irmã Yara por ocasião da gravidez de minha primeira sobrinha Yrama, a qual pouco tempo depois de nascer foi morar em Salvador-BA, para minha tristeza e de toda a família.
Naquela ocasião, por conta do meu problema renal, excesso de cálcio nos ossos e uma escoliose violenta, meus médicos haviam dito que uma gravidez em mim seria de muito risco. Talvez por esta razão, quando Nega me disse que estava grávida fiquei louca de contente e esperei, junto com ela, os nove meses. Sonhava com a chegada de Isabel, em vê sua carinha e planejava ajudar em tudo que fosse preciso. Fazia mil planos para a sua chegada.
Finalmente o dia tão esperado chegou e eu estava viajando a trabalho. Cris foi quem me deu a notícia e eu morri de chorar por estar longe.
Quando retornei ao Recife, mal desci do avião, peguei o primeiro taxi e fui direto para o apartamento de Nega para dar as boas vindas à “minha” Isabel.
Quando botei a mão na maçaneta da porta do quarto da tão esperada “filha”, Nega, aos gritos, me proibiu de entrar e me mandou tomar um banho de álcool antes de pensar botar a “cara” na porta do quarto de Isabel.
Eu não falei absolutamente nada. Fui embora e nunca mais voltei lá.
No último dia 02/07/2009, aniversário da Cris, em um restaurante aqui perto, quase trinta anos depois, finalmente conheci a “minha” Isabel.
Ela é doce, meiga e linda. Engraçado é que senti o mesmo amor que sentia por ela antes dela nascer e ela me abraçou forte e falou alto e em bom som, na cara de Nega, a qual morria de rir... “Tia Ysolda, sempre quis lhe conhecer para lhe dizer que se eu fosse você, também teria ido embora para nunca mais voltar. Agora, estou aqui e sou sua filha também se Yauanna deixar.”
Nega insiste em contar essa história a todo mundo e dizer que até hoje tenho raiva dela. Não tenho não, viu Nega. - Nunca tive! Só fiquei triste de não ter visto Isabel crescer.
Hoje, dou Graças por ter três belíssimas filhas; a minha, Yauanna; Roberta, filha da Cris e minha afilhada, e, Isabel. Isto, sem contar outros filhos do coração que tenho encontrado pela vida a fora.
NEGA ME MANDOU TOMAR BANHO DE ÁLCOOL
De: Ysolda Cabral
De: Ysolda Cabral
Sempre tive um temperamento extrovertido e nunca fico triste ou com raiva por muito tempo. Não guardo mágoa e nem rancor. Sempre fui responsável, tranqüila e muito poucas vezes na vida tive que tomar uma atitude em caráter definitivo. Entretanto...
Eu, Cris, Van, Danda e Nega, sempre fomos amigas inseparáveis desde bem mocinhas. Eu por ser a mais velha das cinco, me achava na obrigação de tomar conta delas para que nada de mal lhes acontecesse. Elas se divertiam com esse meu jeito maternal e aprontavam todas que podiam. Por gostarem mesmo de aprontar e para se divertirem com o meu aperreio.
Numa ocasião fugiram para o Rio de Janeiro num fusquinha de um amigo nosso. Só tomei conhecimento quando nossos pais vieram com tudo pra cima de mim indignados por eu ter permitido tal façanha acontecer. É mole?
O resultado foi que, o fusca bateu o motor e o nosso amigo quase foi preso.
Contudo elas chegaram ao Rio e se divertiram pra valer. Foram até pra boate! Até que a polícia chegou, com um dos pais, acabando a “festa.” Voltaram para Recife no primeiro vôo.
Ao chegarem aqui, na maior cara de pau, desceram do avião com um lenço branco nas mãos. Nossos pais a olharem para mim com ódio mortal. Eu segurei “a pressão na boa”. Claro que tive uma conversa bastante séria com elas, mesmo sabendo que de nada adiantaria.
Essas “idéias radicais” sempre partiam da Cris e ainda hoje partem. - Outro dia fomos jantar num restaurante muito fino. De repente, ela “sacou” o fio dental da bolsa e usou, NA MAIOR!! Eu quase morri de vergonha. Cris caiu na risada e falou: Lira, tu não mudas, não é?! – Depois me toquei que ela fez de propósito só pra lembrar os velhos tempos. Eu posso com uma coisa dessas?!
Nega, que não foi e também não sabia da tal viagem do Rio (talvez Cris a tenha deixado de fora por ela ser muito medrosa) foi a primeira a casar indo morar em São Paulo.
E, em função da saudade que sentíamos dela, fui pela primeira vez a referida capital. Inclusive, escrevi uma crônica sobre esta viagem – “A Minha Primeira Vez” – publicada em 08/07/2008.
Pouco tempo depois o esposo de Nega, Luciano, resolveu vir morar em Recife para felicidade geral de nós cinco.
Nega estava grávida! - Nossa Senhora, que coisa linda era estar grávida! Que coisa maravilhosa era poder ser mãe!!
Eles foram morar perto de onde eu trabalhava e todos os dias, independente da hora que eu saísse do trabalho, ia vê-la. Curti sua barriga como curti a barriga de minha irmã Yara por ocasião da gravidez de minha primeira sobrinha Yrama, a qual pouco tempo depois de nascer foi morar em Salvador-BA, para minha tristeza e de toda a família.
Naquela ocasião, por conta do meu problema renal, excesso de cálcio nos ossos e uma escoliose violenta, meus médicos haviam dito que uma gravidez em mim seria de muito risco. Talvez por esta razão, quando Nega me disse que estava grávida fiquei louca de contente e esperei, junto com ela, os nove meses. Sonhava com a chegada de Isabel, em vê sua carinha e planejava ajudar em tudo que fosse preciso. Fazia mil planos para a sua chegada.
Finalmente o dia tão esperado chegou e eu estava viajando a trabalho. Cris foi quem me deu a notícia e eu morri de chorar por estar longe.
Quando retornei ao Recife, mal desci do avião, peguei o primeiro taxi e fui direto para o apartamento de Nega para dar as boas vindas à “minha” Isabel.
Quando botei a mão na maçaneta da porta do quarto da tão esperada “filha”, Nega, aos gritos, me proibiu de entrar e me mandou tomar um banho de álcool antes de pensar botar a “cara” na porta do quarto de Isabel.
Eu não falei absolutamente nada. Fui embora e nunca mais voltei lá.
No último dia 02/07/2009, aniversário da Cris, em um restaurante aqui perto, quase trinta anos depois, finalmente conheci a “minha” Isabel.
Ela é doce, meiga e linda. Engraçado é que senti o mesmo amor que sentia por ela antes dela nascer e ela me abraçou forte e falou alto e em bom som, na cara de Nega, a qual morria de rir... “Tia Ysolda, sempre quis lhe conhecer para lhe dizer que se eu fosse você, também teria ido embora para nunca mais voltar. Agora, estou aqui e sou sua filha também se Yauanna deixar.”
Nega insiste em contar essa história a todo mundo e dizer que até hoje tenho raiva dela. Não tenho não, viu Nega. - Nunca tive! Só fiquei triste de não ter visto Isabel crescer.
Hoje, dou Graças por ter três belíssimas filhas; a minha, Yauanna; Roberta, filha da Cris e minha afilhada, e, Isabel. Isto, sem contar outros filhos do coração que tenho encontrado pela vida a fora.
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Obs. Quando Yauanna nasceu, na maternidade, a enfermeira queria que todos só a olhassem através do vidro do berçário. Eu mandei que a trouxessem para junto de mim e deixei todos a segurarem no colo. Yauanna nenhuma “creca” pegou, viste Nega? Hahahahahaha
Obs. Quando Yauanna nasceu, na maternidade, a enfermeira queria que todos só a olhassem através do vidro do berçário. Eu mandei que a trouxessem para junto de mim e deixei todos a segurarem no colo. Yauanna nenhuma “creca” pegou, viste Nega? Hahahahahaha
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Publicada tb no Recanto das Letras